You Know What I Mean (Jeff Beck)

Richard Bailey, músico nascido na Guiana e criado em Trinidad e Tobago, tinha apenas 18 anos quando tocou bateria no álbum Blow By Blow de Jeff Beck. Desde então, o baterista tocou com: Incognito (durante 15 anos), Steve Winwood, Johnny Nash, Joan Armatrading, Billy Ocean, The Breakfast Band, Steel Pulse, entre outros. Como líder lançou Fire Dance (1989) e Shanti Om (2007).

You Know What I Mean é a música que abre o álbum lançado em 1975. Produzido por George Martin, que é muito conhecido por sua parceria com os Beatles, este foi o disco do guitarrista britânico que alcançou maior sucesso comercial.

Transcrição de bateria de You Know What I Mean

A música é iniciada com uma levada de guitarra de dois compassos. Embora seja tocada a partir do segundo compasso, a levada de bateria também possui uma ideia musical de dois compassos (veja os compassos 3 e 4). Neste groove, o chimbal é tocado na cabeça de cada tempo; o bumbo (e o baixo) na segunda semicolcheia do tempo 1 de cada compasso (nos compassos pares uma abertura de chimbal é tocada junto com o bumbo); e a caixa está na segunda semicolcheia dos tempos 3 e 4. No compasso 8 temos uma virada de quatro tempos, distribuída entre chimbal, caixa, bumbo e um tom tom agudo.

Ainda na introdução, a partir de 0:20 (compasso 9), ouvimos um groove tocado nos seguintes instrumentos: guitarra, bateria, baixo, além dos teclados clavinete e Fender Rhodes. Tanto nas partes A como no interlúdio podemos ouvir uma base similar à esta da introdução.

Nestas partes, Richard Bailey toca levadas de um compasso (o exemplo tocado no compasso 11 é o que mais identificamos). Nesse compasso, o chimbal é tocado em colcheias (com acentos na cabeça de cada tempo). A caixa aparece na cabeça do tempo 2 e na segunda semicolcheia do tempo 4. O bumbo, está no tempo 1 (na cabeça e na quarta semicolcheia), no contratempo do tempo 3 e na cabeça do tempo 4. Algumas variações desta levada estão nos compassos 25 e 28.

Blow By Blow (Jeff Beck)

Perto do fim da música, a partir de 3:25 (compasso 83), o baterista toca mais à vontade, desligando-se em alguns momentos daquelas levadas tocadas nas partes A anteriores. Note que os compassos 84/85 e 86 são ideias desenvolvidas a partir do 83. No compasso 86 nos tempos 3 e 4, temos uma ideia que seguiu sendo explorada durante os compassos 87 e 88.

As partes B1 e B2 são musicalmente similares, embora não possuam a mesma fórmula de compasso. A primeira é em 6 por 4 (seis tempos por compasso), e a segunda é predominantemente em 4 por 4 (quatro tempos por compasso), que é a fórmula de compasso de grande parte da música. Nestas seções, utilizadas por Jeff Beck para improvisar, o baterista toca livremente, sem repetir nenhum compasso, mas sem desligar-se da música em nenhum momento.

Outra diferença entre estas seções é que B1 tem apenas sete compassos, enquanto B2 tem dezenove. Isto porque em B2, o guitarrista Jeff Beck improvisa dezesseis compassos (2:38 a 3:15) sobre mesma base, antes de ir para os três compassos finais da seção. Em B1, este momento dura apenas quatro compassos (1:17 a 1:31). Tanto B1 como B2 são encerradas com a mesma convenção. Em uma convenção os músicos tocam uma frase com o mesmo ritmo.

Richard Bailey toca diversas viradas em You Know What I Mean, e nelas o músico faz amplo uso de rudimentos como flams, drags, rulos de toques simples, além de rulos de cinco e seis toques.

Para encerrar, temos trechos de uma entrevista onde Richard Bailey conta algumas curiosidades sobre as gravações de Blow By Blow. A entrevista foi concedida à revista britânica Drummer em janeiro de 2010.

“Aprender as músicas foi fácil, pois Jeff (Beck) tinha gravado demos da maioria das músicas com Carmine Appice na bateria, embora aquilo fosse bem diferente do que acabamos fazendo. Muitas daquelas músicas foram tocadas nas demos de uma maneira mais roqueira.” Ele prossegue: “Naquele álbum eu tinha permissão para tocar o que quisesse, e foi o que fiz! George Martin era um grande produtor; você dificilmente o notava durante a gravação. Ele não fazia sugestões sobre o som ou qualquer outra coisa. Foi tudo muito livre e muitos álbuns ótimos foram gravados daquela maneira.”

 

You Know What I Mean (Jeff Beck)

 

Richard Bailey com Incognito (2003) 

 

Richard Bailey com Steve Winwood (2013)